Livros (…se forem para ler, tanto melhor!)

- por Cristina Palhares

Quando RELER é a liberdade de LER. Finalizado que está mais um ano letivo, e na senda do que os nossos alunos poderão fazer em férias, muitos são os professores que vão recomendando livros de fichas de revisão da matéria dada, manuais de preparação para o próximo ano letivo, e até, cópias, tabuadas, e um sem fim de actividades que replicam tudo o que os nossos alunos foram fazendo no seu dia a dia escolar.

Não querendo de forma alguma minimizar a importância de todas estas estratégias pedagógicas, uma há, que é livre, sem custos adicionais, e que sabemos contribui no imediato para o desenvolvimento pessoal e social, e é o pilar de todas as aprendizagens: a leitura. A leitura livre. Livre do título do livro, livre do número de páginas, livre do local, livre de começar e terminar, livre de saltar páginas, imensamente livre, tal como dizia Daniel Pennac, autor que já referi nestas crónicas.

Para além dos dez direitos inalienáveis do leitor, de sua autoria, Pennac apresenta a leitura como fonte de desenvolvimento pessoal, porque estimula a reflexão sobre os nossos princípios, valores, pensamentos e atitudes.
“Depois de ler um livro nunca mais se é a mesma pessoa que era antes de lê-lo” e sabemos que quem gosta de ler e lê bastante pode citar pelo menos um livro que “mudou a sua vida”. Verdade. Não exclusivo dos livros, porque de acontecimentos, de viagens, de encontros e (des)encontros, de imagens… mas sempre presente nos livros.

A leitura é um poço infinito de novidades, cultura, surpresas e ideias extraordinárias, e por isso o segredo das pessoas criativas. Alguém dizia que é também reflexo de uma interioridade tranquila: a imagem de alguém que lê é sempre associada a um lugar tranquilo, confortável e aconchegante, ou, na falta deste lugar, à expressão de calma e felicidade mesmo que num ambiente agitado e perturbador.

Tal como um amigo, os livros são uma óptima companhia, que nos fazem sorrir, emocionar, envolver, cativar, identificar… a quem tratamos por “tu” e por “meu”. A intimidade e a propriedade, do amigo que se gosta. E partilhar esse amigo? “Ouçam a conversa entre dois pequenos leitores que por acaso descobrem que leram o mesmo livro: em poucos minutos conversam como se se conhecessem há muito tempo.

Entre adultos acontece o mesmo. Não partilhe o estado do tempo, partilhe o livro que acabou de ler! É um assunto infinito…. E soma sempre ao nosso conhecimento.” De forma livre: eu decido o que quero e o quanto quero aprender. E voltamos às nossas bibliotecas escolares.

Quantas vezes, desde o 1º ciclo ao secundário, os livros estão arrumados, catalogados, impressionam quem vê… mas é sinal de quem não lê! Porque não carregar as mochilas dos nossos alunos com livros e deixá-los também partir de férias? Sem compromisso, sem obrigatoriedade, sem fichas de leitura para preencher…. Se os lerem, óptimo.
Se não… óptimo na mesma. O certo é que nunca irei saber, porque também não irei perguntar!

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